terça-feira, 25 de maio de 2010

Paulo Moura: Jornalismo Literário, mas muito mais.


No dia 25 de Maio de 2010, Paulo Moura, jornalista do Público, esteve nas instalações do curso de Ciências da Comunicação, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, para falar sobre Jornalismo Literário.

Como explicou o jornalista, o Jornalismo Literário surgiu na década de 60 do século XX, nos EUA, numa época de grandes e rápidas alterações, quando os jornalistas começaram a escrever artigos nos jornais com características diferentes do que era habitual. Era denominado de Novo Jornalismo e vinha colmatar a necessidade de explicar às pessoas o que se passava, pois tudo acontecia num ritmo muito acelerado.


Nesta altura, o Jornalismo Literário passou por um período de descrédito, pois, como refere o repórter, “os jornalistas puseram na cabeça que eram artistas e inventaram um bocadinho”, criando, por exemplo, personagens compósitas, às quais atribuíam características de diferentes pessoas.


Por volta dos anos 80, o Jornalismo Literário voltou à normalidade e os jornalistas continuaram a cumprir as “regras do jogo”.


O Jornalismo Literário é então, segundo Paulo Moura, quase como um romance, porque é profundo e nos deixa a pensar, enquanto leitores, sobre determinado assunto, fazendo-nos levantar questões sobre o mesmo, mas não é ficção, pois as suas personagens são reais e aí, sim, é parecido com o jornalismo tradicional. Assim, parece pertinente afirmar que se posiciona algures entre o jornalismo convencional e este género literário.

As personagens, à semelhança das que os grandes romancistas nos apresentam, são complexas, mesmo contraditórias. Com a sua tridimensionalidade, que não está presente nas notícias dos jornais, fazem-nos, a nós leitores, tentar compreendê-las, mergulhar na profundidade das suas acções, ainda que se tratem sempre de pessoas reais e não de invenção do jornalista, pois este apenas tem a capacidade de lhes colocar as características que elas já têm e que, no jornalismo tradicional, raramente se vislumbram.


As descrições são exaustivas, contam-nos uma história, transpõem – nos para um determinado ambiente, fazem-nos ler o filme que o jornalista viu.


O tempo, tal como nos romances, também não é linear. Pode haver avanços ou recuos, mas o princípio, meio e fim estão lá, não precisam é de ser contados por ordem cronológica, para que saibamos “a quantas andamos”. Já no jornalismo tradicional isto não acontece, tudo é mais natural, mais convencional.


O Jornalismo Literário, sendo sempre fiel à realidade, aposta na profundidade, questionando-se, nas palavras de Paulo Moura: “Mas será que nós só podemos ser profundos quando falamos de histórias inventadas?”


Contrariamente ao jornalismo tradicional, que relata o que é comum em relação a pessoas ou a situações, o Jornalismo Literário procura o que é único, propondo-se a “descrever o mundo real com a inteligência com que o romancista descreve personagens ficcionais.”


Para tal, naturalmente, algumas características diferenciam-se do jornalismo convencional.
Uma delas é a pesquisa. Um jornalista literário pesquisa de forma diferente, mergulha o mais próximo possível da realidade sobre a qual se debruça para sentir o que os protagonistas sentem, para perceber o seu comportamento, pois, “a ambição do Jornalismo Literário é conhecer melhor e mais profundamente.”


Outra é a escrita. O Jornalismo Literário “rouba recursos, técnicas aos escritores… à literatura”, como a inserção de diálogos no texto ou a descrição dos cenários e a caracterização das personagens, que, sendo reais, não devem ser adjectivadas de uma forma directa, o leitor é que deve perceber quais são os seus atributos, através da profundidade que o jornalista emprega no texto, porque “Jornalismo Literário não é enfeitar texto.”


Ao escrever, um jornalista literário pode também “jogar” com o tempo, segundo Paulo Moura, quase como “uma espécie de Deus que pode dominar o tempo”.

No processo de escrita, a própria estrutura da história revela-se igualmente fundamental. Esta deve ser dinâmica e deve ser contada como se tivesse um desenlace, o que na realidade não existe efectivamente, porque o jornalista apenas consegue captar momentos da vida dos protagonistas, vida esta que continua quando ele abandona o local, daí que este talvez possa ser o aspecto mais artificial do Jornalismo Literário, acontecendo o mesmo no jornalismo tradicional.

O seu grande objectivo passa pelo suspense, a capacidade de o jornalista “agarrar o leitor pelos colarinhos até ao fim do texto”, o que também não acontece no jornalismo convencional, pois ninguém espera até ao fim de uma notícia para saber o que se passou e, como refere Paulo Moura: “se o texto for mau, mais vale não esperar.”


O suspense vem, muitas vezes, aliado à recorrência de introdução de cenas na narrativa, como estratégia para prender o leitor, tal como acontece nos romances.


O jornalista aponta um dos maiores desafios do Jornalismo Literário como sendo o de “encontrar a história, mesmo quando, aparentemente, ela não está lá”.


Para exemplificar esta situação, decidiu recorrer a um exemplo prático e contou a história de uma das suas muitas reportagens que, mais tarde, dera origem a um livro. Fê-lo com um suspense que deixou todos presos às cadeiras à espera de saber o final e, mesmo quando revelou que o “segredo”, afinal, não era assim tão especial, valeu a pena: cumpriu o objectivo.


Deste modo, demonstrou que mesmo quando, à primeira vista, uma história não parece uma boa história, o modo como a contamos, o pormenor que destacamos pode fazer dela uma excelente intriga, no sentido em que, por vezes, a acção está onde menos esperamos.


Paulo Moura destacou também a importância da imparcialidade no Jornalismo Literário, pois, tal como ocorre no jornalismo tradicional, o jornalista não deve estabelecer relações com as personagens que ultrapassem o campo meramente profissional: “o jornalista não é um amigo e pode prejudicar a pessoa, mesmo sem querer.”


No entanto, na opinião do repórter, os protagonistas, apesar de, por vezes, verem retratadas situações menos favoráveis das suas vidas de uma forma completamente imparcial, sem qualquer tipo de eufemismo, acabam por apreciá-lo porque “sentem que a sua vida é elevada a estatuto de obra de arte” que é o Jornalismo Literário, quando bem feito.


E assim se resume a vinda de Paulo Moura ao curso de Ciências da Comunicação onde de uma forma divertida e descontraída, abordou muitos mais temas do que o Jornalismo Literário, partilhando também algumas das suas “aventuras” em reportagem e esclarecendo questões que se foram levantando.


No seu discurso, ficou bem patente que o jornalismo pode ser subjectivo e estimular a criatividade de cada um, sem, contudo, nunca deixar de ser imparcial e fiel à realidade e que este vai muito para além da escrita de textos com título, lead e corpo da notícia.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Visita de Bento XVI a Portugal



Entre os próximos dias 11 e 14 de Maio, Bento XVI estará, pela primeira vez, em Portugal, passando pelas cidades de Lisboa, Fátima e Porto.

Para muitos católicos, este é, sem dúvida, um dos momentos altos do ano e um dos assuntos que tem sido, ultimamente, muitas vezes, motivo de conversa.

Uma vez que maioria da população portuguesa é católica e praticante, muitos são os que desejam ver o Papa num das três cidades por onde este passará. Assim, é pertinente saber qual o programa previsto para estes dias e quais têm sido os preparativos para esta visita tão esperada por muitos.

Outra das questões levantadas em relação à vinda do Papa a Portugal é a concessão tolerância de ponto nos referidos dias por parte do Governo.

Neste sentido, quem quiser saber mais sobre este acontecimento, poderá consultar os sites abaixo indicados:



  • Bento XVI em Portugal

http://www.bentoxviportugal.pt/visita.asp


Site oficial criado pela Igreja Católica Portuguesa para disponibilizar informação sobre o evento.

Permite consultar o programa da visita, alguns documentos, notícias e comunicados de imprensa.
Fornece também alguma informação sobre as formas de participação na visita papal.




  • Site oficial do Vaticano

http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/travels/2010/index_portogallo_po.htm

Contém o programa da visita de Bento XVI.

Fonte fidedigna, visto tratar-se da autoridade máxima da Igreja.



  • Dossiê do jornal Público sobre a vinda do Papa a Portugal

http://www.publico.pt/papaemportugal


Contém notícias sobre a Igreja portuguesa e sobre Bento XVI.

Disponibiliza uma infografia dinâmica e interactiva sobre o programa da visita papal.


  • Dossiê do Jornal Notícias relativo à vinda de Bento XVI a Portugal

http://jn.sapo.pt/multimedia/infografia.aspx?content_id=1522478

Contém várias notícias e documentos sobre as possíveis repercussões da visita papal.

Destaca a vinda de Bento XVI à cidade do Porto, reforçando o tema com a introdução de uma infografia que demonstra todo o percurso a ser percorrido pelo Papa na Avenida dos Aliados.

É um site pertinente, sobretudo por adicionar alguma informação relevante para os católicos que pretendem ver Bento XVI no Porto e é também fidedigno, uma vez que se baseia em fontes como a Câmara Municipal e a Diocese do Porto.

  • Programa de Jovens com o Papa

http://www.eu-acredito.net/


Informações sobre condições de inscrição (quem se pode inscrever, documentos necessários, custos de inscrição…).

Informações sobre “movimento” EU ACREDITO.


  • Diocese do Porto - ficha de inscrição para missa de dia 14 de Maio

http://www.diocese-porto.pt/index.php?option=com_ckforms&view=ckforms&id=1&Itemid=200



Além de informação genérica sobre o evento, o site da diocese adiciona alguma informação útil para aqueles que pretendem participar na visita de Bento XVI à cidade do Porto, como uma ficha de inscrição para uma das missas a realizar no dia 14 de Maio.



  • Jornal Expresso - Governo concede tolerância de ponto no dia 13 de Maio

http://aeiou.expresso.pt/papaportugal-governo-concede-tolerancia-de-ponto-dia-13-de-maio-em-todo-o-pais=f576304


Notícia sobre a concessão de tolerância de ponto, por parte do Governo, no dia 13 de Maio, baseada numa informação da Lusa.